Aquele limite que cerceia nossas vidas, me incomoda muitissimo.
Principalmente porque sou um adulto extremamente responsavel e jamais, em hipotese alguma iria contra meus proprios principios.
Estes foram baseadas num rigido convivio que tive com minha mãe, que apesar de ter sido chamada de louca muitas vezes, não o era (pode ser que tenha ficado no fim de sua vida, por opção pessoal, porque para mim os que sofrem do mal de Alzheimer no final da vida escolheram ficar assim muito tempo antes, para esquecer mesmo!)
Minha mãe era uma mulher voluntariosa. Que não se sentia amada por meu pai, embora ele a amasse a sua maneira. Ele não dizia que a amava, mas a amava, sim. E ela sofria com isso. Queria carinho e não pedia. Era muito rigida para isso e sofreu absurdamente.
Tudo tinha que ser dentro de seus padrões e princípios. Muitos rígidos. Não aceitava nenhum tipo de contrariação, de ninguém, de nenhum modo. Não aceita que a contrariassem. Era capricorniana, como eu também.
Era boa, a sua maneira. Era tão rigida consigo mesma quanto era com os demais. Gostava de falar. De contar suas estórias e as estórias do padrinho rico que fora fazendeiro. Quando minha mãe nasceu, o pai dela já tinha morrido. Foi criada sem o amor do pai, como dizia, e amou seu padrinho como tal. Acho que gostava muito da Tia Belinha (irmã do pai dela), pois me lembro que todos os dias ia visitá-la. Todos os dias! Eh verdade! (foi criada por ela e pelo padrinho). Muitas vezes eu ia com ela e lembro-me que conversavam horas e horas. Sobre tudo. E eu ficava quietinha, absorta naquele mundo fantasioso, de estórias, de corredores cumpridos (a casa era muito grande, ou eu que era muito pequena, não sei)…
Todas as mães são muito especiais na vida de uma criança, e a minha não foi diferente. Lembro que ficava muito zangada com ela por sua rigidez, mas hoje a entendo totalmente. Não tenho como agradecer-lhe pessoalmente. Contudo, ela tem o seu lugar no meu coração.
Tenho que reconhecer, que ela me ensinou muito e que tenho muito de minha mãe em mim. Tanto de bom quanto de ruim. Mas quero os dois. Tenho que continuar a semente plantada na vida por ela, que sou eu.
Sou tão rigida quanto ela. Isso não tenho como mudar. Sou como ela. Sou como sou. Não aceito as coisas facilmente. Quero fazer tudo a minha maneira. Ou amo, ou odeio. Não existe “o mais ou menos” para mim. Odeio ter que fazer o que os outros acham que eu tenho que fazer. Minha maioridade já foi ha muito tempo….(caramba!)
Por isso que não aceito certas imposições que a vida me faz, desde que eu mesma sei meus limites e eles não são da conta de ninguém.
Contra isso ela não soube lutar.
Mas eu vou. Eu tenho uma vontade de ferro de seguir em frente. Não posso e não quero ficar estacada na vida. Se minha mãe fosse eu hoje, iria lutar para conseguir seus objetivos, como eu farei com os meus.
Minha mente fervilha de ideais, anseios e proposições. Não posso parar. Tenho que ir em frente se não morro.
Não me cerceim. Não me chamem de louca. Sou muito mais lucida do que qualquer um possa imaginar.
Esta é a minha homenagem a minha mãe que, hoje percebi, me enche de força e da coragem que ela teve e não soube ou não pode usar porque o seu tempo era diferente do meu. Eu vou até o fim, lutando pelos meus ideais, os da minha mãe, da minha filha, da minha irmã, cunhadas, das rainhas, princesas, das escravas da Africa, das que sofrem desprezos e desamparos.
Lutemos! Não há limites para nossa coragem!
Mãe, um beijo para você. Te amo!
Friday, May 09, 2008
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