Sunday, June 10, 2007

9 de Junho

Quando eu tinha meu programa de radio, na semana do aniversario do meu pai, ou coincidentemente o programa foi no mesmo dia, nao me lembro, fiz uma homenagem a ele. Naquele dia, o programa foi para ele. Gravei, como sempre e dei a gravacao para ele guardar. Ate hoje eh o unico programa que tenho a fita comigo, embora todas estejam guardadas no meu ap no Brasil (depois que ele morreu, fiquei com a fita dele)

Para mim nunca importou se ele era letrado ou nao; bonito ou feio, alto ou baixo, gordo ou magro, ou qualquer outro adjetivo que possa querer qualificar um ser humano. Antes de tudo e sempre, ele foi um pai, na excepcao da palavra.
Ultimamente tenho me pegado com gestos como os dele: com a mao na testa, pensativa e curvada, como ele ficava, sentado na ponta do sofa... ou com a mao no queixo, tambem pensativa. Os genes devem ser um fator demacarte para essa atitude. (Alguem lembra do vovo dessa maneira?)
Mas enfim, como eu amava meu pai!
Nao ha o que me lembre que ele nao fazia por nos. Nada. Absolutamente nada. Como os exemplos ficam realmente marcados em nos. Lembro principalmente de sua bondade comigo; seu carinho, seu afeto, sua preocupacao em saber se eu estava sempre bem ou precisava de alguma coisa.

Sofri muitissimo quando ele morreu, principalmente porque no dia que o levei para o hospital, ele me disse que tinha medo. Nao sei se de morrer; se de ficar so; de sofrer; de deixar minha mae sozinha; de nao ver mais as filhas e os netos e os genros que tanto gostava como filhos. Nao sei.
me culpei muito, muito muito tempo por isso. Por nao ter ficado com ele, por ele ser velhinho, e ter medo e eu nao fize nada. Eu tambem tive medo e nao falei nada pra ele. So disse assim: pai, o senhor nao precisa ter medo de nada. Eu vou estar com o senhor. Era sexta-feira a noite. No sabado pela manha voltei ao hospital e aquela tarde foi a ultima vez que vi e conversei, um pouquinho, com meu pai. No domingo, qdo cheguei, ele ja estava na UTI e morreu, sozinho, na segunda a noite, depois que eu e minha mae fomos embora.

De qualquer maneira, ou de alguma maneira, meu pai nunca mais me abandonou. Nao ha um dia sequer que nao me lembro dele ou tenho sua imagem viva em minha mente. E agora que minha mae tb morreu, a imagem e lembranca dela tambem estao comigo diariamente.

Amor verdadeiro nao se esquece, nao se extingue, nao se deixa p'ra la. Ele esta sempre vivo aquecendo nosso coracao. Nao ha distancia, nao ha tempo, nao motivo para se deixar de amar.

Agradeco a Deus todos os dias os pais que tive. E nao sei como, os amo cada dia mais.

Abencao, pai!

Hoje faz dez anos que meu pai morreu.

Mama

1 comment:

Anonymous said...

no words mama, made me cry.
show this text to your friend from folha, it's really well done!!
missing u!! kisses, filholho