Monday, June 02, 2008

Quem conta um conto aumenta um pouco...

Mas vou contar a mais pura verdade, sem aumentar nem tirar nada...

Sexta-feira passada, pela manha, para ir trabalhar...(claro que eu estava atrasada, mas esse fato nao eh mais relevante...e ja nem conta mais...) caminhei ate o ponto e dei o sinal para o onibus parar: o 95 - Brickell..., quer dizer, eu pensei que fosse o Brickell...era o expresso, mas nao o que me levaria ao trabalho...

Por alguma razao, que nao sei identificar qual, assim que paguei, percebi q tinha feito alguma coisa errada...ai, o onibus ja estava rodando...
- this is the Brickell?
- No ma'am..
- oh, my God!!!!

ai, desci no ponto seguinte.... e voltei para tras 3 blocos para esperar o onibus, desta vez correto...

o fato nao eh pegar o onibus errado... o fato eh que NUNCA peguei um onibus errado EM MINHA VIDA TODA... nem mesmo aqui...nem mesmo qdo nao conhecia absolutamente nada aqui; nem mesmo qdo nao entendia muito bem os sinais, S, SW, N, NE...
sempre descobria aonde ir, como; imaginava, pensava e sempre cheguei certinho...

resta saber, o que esta acontecendo comigo....por onde anda minha cabeca....em que mundo minhas preocupacoes estao...
o que me resta e ler a Biblia, como estou fazendo... alias, devorando a Biblia... procurando respostas, dicas, qualquer coisa, qualquer virgula, qualquer sinal, algum socorro, alguma tabua de salvacao

sei que ela existe, de alguma forma, de alguma maneira,, sempre ha uma salvacao...I hope, I wish...

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Identifico-me, deveras, com muitos poetas (vcs gostaram do "deveras" numa segunda feira?)
Fernando Pessoa, Florbela Espanca, Manuel Bandeira, Vinicios...
e vou comecar a colocar alguns dos poemas q gosto...
e como nao poderia deixar de ser, o que melhor se encaixa, hoje eh este:

JOSÉ
Carlos Drummond de Andrade

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José ?
e agora, você ?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama protesta,
e agora, José ?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José ?

E agora, José ?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio - e agora ?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora ?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse…
Mas você não morre,
você é duro, José !

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José !
José, pra onde ?

Mama (com uma lanterna na mao e uma lupa ENORME, procurando.....)

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